Alfenas tem pré-candidato gay à reeleição como vereador.

Eleições: Sander Simaglio quer se reeleger como vereador na cidade mineira de Alfenas.
Sander Simaglio disputou as eleições de 2008 na cidade mineira de Alfenas e se elegeu como vereador da Câmara Municipal. Quatro anos depois, o campeão de projetos aprovados na Casa de Leis alfenense diz que muita coisa ainda “ferve” em sua cabeça, por isso ele pretende ocupar o cargo por mais quatro anos.

Pré-candidato assumidamente gay e presidente do Partido Verde de Alfenas, Sander confessa achar a reeleição mais difícil do que um primeiro pleito, mas reconhece que um trabalho Jam realizado só depõe a favor. “O que me deixa mais feliz é que a decisão política municipal passa pelas minhas mãos enquanto parlamentar atuante.”

Qual é a diferença em se tentar a reeleição?Acho a reeleição um pouco mais difícil porque você já não é mais novidade. Porém, tem um trabalho desenvolvido e isso ajuda a mostrar a que realmente veio. Hoje sou pré-candidato à reeleição e o que me deixa mais feliz é que a decisão política municipal passa pelas minhas mãos enquanto parlamentar atuante e atual presidente do PV.

A experiência de quatro anos ajuda na campanha?Sim, ajuda e muito. Você está inserido nos bastidores da política local e isso te dá força de decisão entre coligações, chapas, te dá voz nas convenções. Você se torna candidato natural.

Por que decidiu se candidatar novamente?Porque ainda tem muito a se fazer em relação às bandeiras de luta as quais defendo. Hoje, com certeza, posso te dizer que a cidade precisa muito mais de mim na Câmara, tendo em vista o nível do nosso Legislativo, da ínfima produção legislativa.

Os LGBT precisam de representação política, por quê?Porque fazemos parte de um Estado Democrático de Direito, (aliás, mais na teoria do que na prática). Precisamos de mais representantes, ocupando o lugar que nos é de direito e que ainda não está sendo ocupado (ou ocupado muito pouco em relação às bancadas evangélicas, por exemplo). Mas não acho que precisamos de representantes caricatos e que só possuem o discurso LGBT. Agir assim, nos torna figuras desprezadas no cenário político. Precisamos estar antenados e participar de qualquer tipo de discussão, aliás, antes de ser LGBT, somos cidadãos e usamos transporte coletivo, escolas públicas, pagamos IPTU, etc.

O que pretende fazer nestes próximos quatro anos se for reeleito?Dar continuidade ao trabalho iniciado. Atualmente sou presidente da Comissão de Direitos Humanos e temos muita coisa a ser feita nesse sentido, temos muitos processos para dar continuidade em relação à violação dos direitos humanos de presos, por exemplo. Sou presidente da Frente Parlamentar de Luta contra o HIV/AIDS, Tuberculose e Hepatites Virais e nesse ramo muita coisa ainda precisa avançar. Essas doenças ainda matam e políticas públicas de governo precisam ser implantadas dentre outras tantas questões que precisam ter continuidade, principalmente com um olhar vindo do terceiro setor como o nosso.

Existem novos projetos que você quer levar à Câmara? Quais?Muitos. Ainda precisamos levar à discussão no parlamento a importante e urgente questão do meio ambiente, da sustentabilidade, da valorização e preservação dos recursos naturais, já escassos nos País. Penso em educação ambiental nas escolas públicas municipais. Sou campeão de projetos aprovados nesse mandato, mas muita coisa ainda "ferve" na minha cabeça.

Como é o cenário da diversidade sexual em Alfenas atualmente? A cidade é tolerante?Alfenas é privilegiada. O MGA, ONG que fundei aqui em 2000, é uma ONG referência nacional devido seu brilhante trabalho desenvolvido em toda região sul de Minas. O Movimento Gay atua diretamente na política municipal e quem ganha com isso é nossa comunidade. Estamos indo esst ano para a nona edição da Parada Gay e semana da diversidade; a cidade possui lei Rosa, Lei que comemora o Dia da visibilidade Lésbica, Dia do Orgulho Gay, Dia de Luta Contra Homofobia, o Movimento está inserido nos Conselhos municipais, e, com tudo isso, consequentemente, a cidade é tolerante porque homofobia se combate, literalmente, com conhecimento, mostrando, convivendo.

Um vereador gay poderia ajudar na luta contra o preconceito? Como?O fato de um vereador, autoridade municipal, ser assumidamente gay e membro do movimento social LGBT já por si só ajuda a ser referência para os mais jovens e com isso ajudando a combater o preconceito de que gay só serve pra isso ou aquilo.

Onde você pretende buscar votos? Usando qual estratégia?A mesma de 2008, em toda população, mostrando que antes de ser gay, sou cidadão, advogado, militante e competente, pronto pra assumir qualquer cargo eletivo.

Você acredita que o LGBT vota no candidato LGBT?Raramente, infelizmente. Usam da vaidade, da inveja, do ciúme e preferem votar num candidato hétero , fundamentalista religioso se ele for bonito, por exemplo. Claro que não podemos generalizar, mas gay pra votar em gay tem que ser consciente, inteligente, porque com minha experiência própria de 2008, não é fácil e se parte desse segmento soubesse a força que temos se nos unirmos, também teríamos nossas bancadas negociando com a presidenta como fez os fundamentalistas religiosos contra o Kit anti-homofobia do MEC

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários: